Atualmente o número de praticantes de atividade física e atletas recreacionais vêm aumentando consideravelmente. Aliado a isso, consequentemente o número de lesões também aumenta.
Quando estamos trabalhando com desportistas ou atletas, dentro de um processo de reabilitação, visando ao retorno ao esporte, devemos ampliar o olhar para uma série de variáveis que possam estar em desequilíbrio, para que possamos ter êxito no processo de reabilitação. As lesões são multifatoriais e estão interligadas por uma ampla gama de fatores intrínsecos e extrínsecos.
Além disso, também devemos destacar que o equilíbrio entre a relação de capacidade x demanda é outro fator bem importante que acaba contribuindo para o surgimento de lesões. Entende-se como demanda, a carga de trabalho que é imposta durante os treinamentos ou competições, por exemplo, e a capacidade, que é a forma como o corpo consegue tolerar a carga de trabalho imposta sobre ele. Quando o corpo não consegue lidar com essa energia mecânica gerada pelo exercício, as lesões começam a surgir.
Na reabilitação durante o processo inicial de avaliação, onde iremos buscar disfunções de movimentos através de uma análise que visa identificar estruturas que não estejam desempenhando seu papel corretamente, como um tornozelo que perde sua capacidade de dorsiflexão ou um joelho que tem sua capacidade de estabilização diminuída, precisamos entender que a rede de determinantes que leva a uma disfunção ou lesão, deve ser bem avaliada também para o sucesso do tratamento. Durante esse processo inicial de avaliação, também devemos levar em conta, qual o esporte praticado por essa pessoa, pois o entendimento do mecanismo de lesão passa pelo entendimento do gesto esportivo que é executado, pois trata-se de um fator que pode levar a dor ou lesão, caso ocorra alguma falha biomecânica nesse processo. Uma vez identificado os fatores que levam a lesão como devemos proceder? Entendido tudo o que ocorre com nosso paciente desportista/atleta, tentar organizar um melhor equilíbrio entre essas relações pode ser um caminho inicial, tanto dentro da reabilitação como no processo de reabilitação.
Quando conseguimos desenvolver um trabalho que vise aumentar a capacidade de tolerar toda essa energia mecânica que o corpo recebe cada vez que se movimenta, começamos a diminuir a chance de lesões. O corpo deve ser trabalhado para que possa ter a capacidade de dissipar ou transferir essa energia gerada de forma adequada e equilibrada para todos os segmentos e estruturas do corpo. Conseguimos garantir a qualidade do movimento e integridade das estruturas envolvidas, se pensarmos na mobilidade, estabilidade, controle motor, transmissão de força miofacial através dos meridianos existentes, enfim, em tudo que englobe uma boa efetividade do movimento humano. Esse é um processo que deve ser desenvolvido de forma multidisciplinar, onde fisioterapeutas e educadores físicos devem trabalhar em conjunto. Percebam aqui que a integração entre estas área é imprescindível. A fisioterapia deve atuar de forma a identificar as disfunções existentes, trabalhando em prol da qualidade de movimento e equilíbrio entre todas as funções do movimento, enquanto os educadores físicos, trabalham para melhorar as valências físicas, buscando dar a esse paciente/aluno, uma melhor capacidade de realizar seu esporte com um menor índice de ocorrência de lesões.